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O sentido do trabalho: Antes do tal ‘propósito’.

O Trabalho na idade média

Muito antes do surgimento da expressão ‘propósito ‘para designar a busca por um sentido maior para o trabalho, a importância de se discutir o trabalho, já ocupava espaço nas Ciências Sociais. Assim como, na Antropologia, Sociologia, História, Filosofia, como também a Teologia e a Economia. E continua crescendo, na medida em que a era digital avança e impacta um número cada vez maior de funções e trabalhadores. Para entendermos melhor o tema, vale a pena voltar um pouco na História. Na idade média, o trabalho era considerado Castigo, anulação da individualidade e penitência. A vida, efêmera como era à época, era feita de trabalho penoso e árduo, infeliz e desfortunado. Livres deste destino, somente os nobres e senhores feudais. A reviravolta deste cenário leva tempo e somente acontece influenciada pela religião, através da qual, o trabalho deixa de ter o caráter de condenação e passa a representar a chance de alcançar a glória de Deus.

A valorização do trabalho

A Reforma Protestante oferece uma nova concepção espiritual do trabalho, através da ética profissional, um aspecto central do espírito do Capitalismo e o seu desenvolvimento no mundo ocidental. Portanto, não trabalhar, significava não honrar a Deus. Com exceção aos doentes, não procurar trabalho, era moralmente condenável, assim como ócio e a preguiça. O trabalho constituía a própria finalidade da vida. O pensamento de Lutero – especialmente no aspecto da vocação, desfaz a concepção pejorativa do trabalho, como também, o de Calvino – para o qual o trabalhador é o que mais se semelha a Deus e considerava o trabalho, um sinal de graça. Além de prover uma valorização religiosa ao trabalho, ambos pensamentos contribuíram para criar um ‘espírito motivacional’ para o empreendedorismo. Dessa forma, liberando ética e moralmente os homens – capitalistas – à aquisição de bens, a obtenção do lucro, à cobrança de juros e a acumulação de capital, que por sua vez, poderia gerar novos empreendimentos e com estes, mais empregos. Tal círculo virtuoso, permitiria o estabelecimento da harmonia social.

O propósito

No final do século XIX e início do século XX, se vivencia o processo de racionalização do trabalho e com este, o crescente sentimento de desvalorização do trabalho. Também se vivencia a espoliação da espiritualidade pela tecnificação, pela alienação e pela rotinização, privando os indivíduos da possibilidade de autorrealização. O tempo passa cada vez de forma mais veloz, impondo constantes movimentos de transformação nas organizações e aumentando o desafio de reorganizar. Tendo como objetivo, a eficácia organizacional para que os trabalhadores possam evoluir sem que o mal-estar do trabalho seja o preço a ser pago. Se por um lado a digitalização traz a promessa da simplificação e eliminação das atividades rotineiras, sem espaço para a criatividade, por outro, ameaça deixar fora do mercado, todos aqueles cujo processo de capacitação não evoluir na mesma velocidade. O fato é que, com ou sem mais tecnologia, seguimos com o desafio de dotar o trabalho de sentido, de ´propósito’. Seja por contribuir para o desenvolvimento de bens e serviços necessários e relevantes para a sociedade ,ou, seja para cumprir seu papel de constituição de identidade individual e social.

O valor do trabalho

O trabalho segue através dos séculos conservando um lugar predominante na sociedade. Para a pergunta: “se você tivesse bastante dinheiro para viver o resto de vida confortavelmente sem trabalho, o que você faria?”. Nesse caso, mais de 80% das pessoas responderam que continuariam a trabalhar mesmo assim. (Morin, 1997; Morse e Weiss, 1955). As principais razões são as seguintes: para se relacionar com as outras pessoas, para ter o sentimento de vinculação, para evitar o tédio e para ter um objetivo na vida. Portanto, é inquestionável o valor do trabalho, a influência na vida intelectual, social e na saúde física e emocional das pessoas. Por tudo isto, vale a pena refletirmos para compreender o sentido do trabalho hoje, especialmente considerando-se o impacto das tecnologias por um lado e por outro. Da recente experiência do distanciamento pela pandemia, para determinar as características do trabalho mais próximas ideal que sejam possíveis e nas condições para a sua realização.

A organização do trabalho e o papel dos gestores

A organização eficaz e sustentável mais do que dotada de recursos financeiros e tecnológicos, se caracteriza por um corpo de colaboradores altamente comprometido e com atitudes positivas em relação às atividades que executam. Nela, a organização do trabalho deve oferecer aos trabalhadores de qualquer nível ou função, a possibilidade de realizar algo do qual se orgulhe. Ainda, a oportunidade de praticar suas competências atuais e desenvolver novas competências para o futuro, de exercer seus julgamentos e seu livre-arbítrio, de conhecer a evolução do seu desempenho, experimentando o sentimento de progresso e se ajustando sempre que necessário. As propriedades que caracterizam um trabalho com sentido, necessariamente precisam contemplar, variedade e novos desafios. Assim como: a oportunidade de aprendizado contínuo, autonomia, reconhecimento e apoio para atuação.

O conceito de ‘propósito’ vem incluir também a contribuição social, as consequências positivas para a sociedade do exercício das atividades, que conferem ao trabalhador a sua identidade social e dignidade pessoal. E por fim, a perspectiva de um futuro desejável, de evolução como ser humano e profissional. A organização existe através de seus líderes e gestores. Cabe a estes trabalharem para que a organização do trabalho aconteça nessa direção.